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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Micro e pequena empresa - Economia

Micro e pequena empresa geram empregos e fortalecem mercado interno no período pós crise

Giovana Pessoa e Juliana Monteiro

A recuperação da geração de empregos no País, pós-crise, está em alta, e em grande parte está sendo impulsionada pelas micro e pequenas empresas. Estas, por se basearem mais no mercado interno do que no mercado internacional quase não sofreram impacto com a crise, o que ajudou a “segurar” a economia Brasileira. E, não por acaso, foram responsáveis pela criação de 995 mil novos postos de trabalho no ano passado, de acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). E segundo a gerente da instituição, Raissa Rossiter, acabaram por compensar boa parte das “perdas de mão de obra” das grandes empresas.

Este cenário econômico de recuperação pós-crise acaba por refletir a importância dos negócios de menor porte para o fortalecimento do mercado interno. E, para Rossiter, as políticas públicas que favoreceram o aumento do poder de consumo da população, como o bolsa família e o aumento do salário mínimo, também foram fundamentais pois permitiram que as pequenas e micro empresas mantivessem seus consumidores trazendo uma certa estabilidade para o país. E esta estabilidade, fechando o ciclo, permitiu a geração de emprego.

A economia segue no rítimo do ultimo trimestre de 2009 batendo recordes na criação de empregos formais (veja gráfico de janeiro). Dentre os setores que mais cresceram também estão o de serviços, seguido  da industria de transformação e comércio. Lupi, ministro do trabalho, continua otimista e voltou a estimar a criação de dois milhões de vagas em 2010.

A criação de mais de um milhão de empregos em 2009, segundo os economistas Everson de Almeida Leão e João Carlos Farcic Mineo, pode ser explicada por um conjunto de fatores. Para eles, a expressiva queda de postos de trabalho no final de 2008 e início de 2009, a subta recuperação do crescimento econômico no segundo semestre do ano passado, a retomada do crédito aos níveis em que estavam antres da crise e uma taxa de juros baixa acabaram por impulsionar a geração e formalização de empregos e ajudaram a aquecer a economia.

Apesar da desaceleração da industria em relação a geração de empregos o Brasil se mostra em plena expansão dos postos de trabalho. Sobretudo no setor de serviços e construção civil - que apresentou recorde em geração de empregos desde 2003, ano em que o CAGED começou a captar os dados. Além dessas também empresas típicas do movimento de tercerização estão em alta, como serviços de informática, assistência técnica e limpeza. Segundo a analise da folha a partir de dados do IBGE entre 2003 e 2010, o emprego cresceu cerca de 18,4%, enquanto o avanço da industria ficou em 10,5%, diante de 39,9% do setor de serviços.

Essa transferência de pessoas da industria para empresas de tercerização também traz benefícios, pois também permitiu a expansão de  várias categorias profissionais e contribuiu para o aumento de empregos com carteira assinada, além de permitir uma expecialização maior da empresa em sua área de atuação.

O ministro do trabalho, Carlos Lupi, quando questionado sobre as expectativas para 2010 declarou à grande imprensa que devemos acreditar na economia nacional e acabar com o “complexo de ser pequeno”. Para ele o aumento da massa salarial foi a maior alavanca para que o país saísse da crise financeira internacional. Em 2009 Lupi acertou quando disse que seriam criados cerca de 1,1 milhão de postos de trabalho, para este ano o ministro destacou o comércio varejista e a construção civil como os “puxadores” da criação de empregos e novamente acertou.

É o caso do engenheiro civil Marcos Augusto de Carvalho, 51, que no início da crise estava desempregado e já não trabalhava na área a algum tempo. “A crise começou bem brava, foi estagnando até o meio do ano e de repente disparou a crescer”, afirma. “Agora eu estou muito bem, o mercado está bombando, muita obra e serviço para todo mundo na engenharia. Só está faltando mão de obra. A forma como isso virou foi muito rápida”, completa. Hoje Marcos trabalha em uma pequena empresa, prestadora de serviços. Fábio Romão, economista da LCA Consultores, em entrevista para o Valor Econômico confirmou que a construção civil sentiu o choque nos dois últimos meses de 2008, recuperando, a partir de janeiro de 2009, os investimentos e, consequentemente, as contratações.

Carlos Alvez Ferreira, proprietário da Frizer Box industria e comercio limitada, quando questionado se sua empresa sentiu impacto da crise econômica internacional, brinca “eu queria mesmo é que tivessem outras crises dessas”, depois completa dizendo que se houve impacto sem dúvida foi positivo. Sua empresa é fornecedora de produtos derivados de pastilhas de alumínio - como portas, portões e janelas. Seus principais clientes, além de serviços domésticos, inclui empreiteiras, construtoras, engenheiros, arquitetos e até mesmo designers. “Depois da crise aumentamos o leque de clientes, modernizamos toda a fabrica, renovamos a frota de carros, contratamos mais pessoal, inclusive hoje mesmo, acabamos de contratar mais três”, lembra.

O Setor de Educação também demonstrou crescimento significativo à partir do aumento da classe média, está crescendo também a procura por escolas particulares. De acordo com José Augusto de Mattos Lourenço, vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), de 2006 a 2008, o número de estudantes na rede particular cresceu 25%. Isso demanda mais profissionais, além de professores, também da área administrativa, de manutenção, entre outros. Ainda de acordo com o sindicato a maior demanda é para o ensino infantil, no ensino médio também há vagas, o problema é a escassez de profissionais capacitados.

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